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Machombongo

romance

capa Machombongo
2ª edição - 2014
Edufba e Littera
ilustração: Adrianne Gallinari
362 páginas
capa Machombongo
1ª edição - 1986
Edições Cacau/Letras

trecho selecionado

Proibido ter. Meu não existe. Nem teu. Nem a mulher é do homem. Nem o homem da mulher. Muito menos a terra. Não é a lei daquele mundão de serras planícies taboleiros campestres largas de recursar gado. O tempo não queria. Soubessem, até as pedras ficariam tristes: sujavam os riachos. Perversidade nos inocentes do mato. Acabaria o pasto de todas as águas que chamavam os vaqueiros com a criação tangida da seca. Desapareciam as flores sem dono: botão sedinha preto e claro seda macia botão íris botão bolinha cor de leite os dois botão martelo botão estrepa nariz ferrão jazira sempre-viva rainha das flores botão de ouro botão pimentinha da cor de um caroço de noite escura. Nascendo na fresca de maio setembro, deixariam de vicejar na gandaia de cores, entregando-se livres na força do tempo, parecendo ter um encanto no dia santo da fogueira. As flores e a liberdade moravam ali. O tempo pariu a lei: do meu agrado é fogopagô fazer fogopagozinha. Nunca o homem amarrar a terra, as árvores, as pedras, os rios, as flores, no arame farpado do é meu. A lapa é do tempo que a deu para nós todos. Só o tempo é dono: mabaço do esquecimento. Pode a égua vagalumar… a colhedora abrir a leira… a fogopagô colorir o silêncio: fogopagô… fogopagô… fogopagô… e depois armar a trempe. Tudo é consentinado. Não pode a cerca, o limite, o é meu, pecadão nascido depois. Proibido ter. O gado anda… anda… quando desconfia, dá pra trás. "

fortuna crítica

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