trecho selecionado

Ah! se eu pudesse voltar à casa de farinha das minhas origens. Os rapazes mostrando o muque no veio da roda, porfiando na festa do trabalho. Era, e ainda é, o lugar sagrado do homem da roça. Nutre o estômago, altar da alma e da cidadania. Testemunha os serões familiares, onde todos se encontram, sobretudo as atarefadas mães, que falam de casamentos, namoro das filhas, inocentes infidelidades. Lugar dos casos, gaitadas, virando clube e vadiação. Enquanto o rodicho rói a mandioca, a velha avó peneira a massa, esperando assentar a goma no gamelão, e até as crianças raspam as tamboeiras. Onde se espera torrar a tapioca, o beiju de puba, comidos com o café coado na boca da fornalha. A casa de farinha dos beijos ariscos dos namorados. O cheiro bom de coisa gostosa medida nas quartas. Das compridas noites sonorizadas pelos galos fogosos, sacudindo as penas da escuridão já esbraseada do amanhecer, ao rape… rape do rodo e das paetas do alguidar, empurrando e levantando em nuvens brancas o alimento do lavrador. "