Waly de Oliveira Lima
Orelha em “O menino” - primeira edição - 2014
Neste volume encontra-se a reunião dos textos brilhantes de Euclides Neto, escritor-político-colunista dos grandes meios de comunicação escrita da Bahia. Suas ironias críticas, seu doce apreço pelas coisas da terra, seu amor pelo simples e sua defesa do oprimido fizeram do advogado Euclides Neto um dos poucos mestres em retratar a verdadeira Bahia e, por consequência, o país.
De agradável leitura, sem ufanismos ou elogios, Euclides Neto revive também nessa coletânea sua passagem pela Secretaria da Reforma Agrária, sua luta pela justa distribuição das terras ociosas, aconselhando de maneira direta aos futuros administradores e legisladores a benevolência e justiça no trato das questões da terra e do homem do campo.
O Euclides Neto é um ser privilegiado. Consegue, ao mesmo tempo, ser rural e urbano. Quando digo rural, poderia dizer mateiro. Dos bons. Sabedor de tudo que diz respeito às coisas do campo. Entende de mandioca e casa de farinha, de criar cabras, de coisas de curral, de fazer requeijão, domar burro bravo, comprar e vender gado, plantar cacau, secar café, fazer rapadura, ferrar cavalos, assuntar o tempo, construir casa de sopapo, curar bicheira, pegar passarinho, moquear tatu, amansar boi de arrasto, consertar uma arreata, e por aí vai, lista que não tem fim; meu querido amigo Euclides é do mato, mesmo, pra roceiro nenhum zombar dele.
Ao mesmo tempo, o Euclides é da cidade, estudante brilhantíssimo, advogado do primeiro escalão, político de largos horizontes, administrador de honra ilibada, romancista tecedor de histórias notáveis, retratista, como poucos, dos tipos mais característicos da região onde vive.