Apesar de trazer o aviso “Confidencial”, chegou-me às mãos um documento elaborado pela FAO e o PENUD (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento), em convênio com o Ministério da Agricultura. Trata-se do Relatório Final sobre os resultados dos projetos de reforma agrária no Brasil, incluindo a Bahia.

                Vejamos as conclusões: 1) os assentamentos nas áreas desapropriadas pelo INCRA revelaram-se eficazes na promoção do desenvolvimento rural e na fixação do homem no campo; 2) em média, a renda mensal para o Nordeste equivale de um a três salários mínimos por família, valor superior à dos trabalhadores rurais no campo; 3) melhorou o perfil da distribuição de renda; 4) aumentou a produção de alimentos, com integração das famílias nos mercados. Ainda acrescenta: “Os programas de assentamento realizados de forma pragmática resultarão no melhoramento dos indicadores socioeconômicos do setor rural e da sociedade como um todo. Recomenda-se a expansão do trabalho”.

                Não se fala em favelas rurais, em preguiça dos trabalhadores que ficam em situação pior que antes. Negam a afirmativa do próprio ministro Cabrera (desinformado ou informado pela sua suspeita assessoria) de que 50% dos assentados do governo Sarney tinham vendido a terra e abandonado os lotes. Na região Nordeste, o índice de abandono é somente de 6%, devido à seca. Daí a recomendação do uso da irrigação.

                Confirma-se que aumentou a renda, nível de consumo, cresceu o capital para investir em bens produtivos.

                A mortalidade infantil é menor do que a média da região, chegando a ser insignificante em alguns lugares.

                Então, aí está a solução para evitar o êxodo rural, a fome, o desemprego, e, consequentemente, a inflamação das cidades (para quem pensa só no bem-estar dos citadinos), com a violência e os meninos nas ruas. Chega a irritar a teimosia dos que falam em resolver o problema do menor construindo abrigos ou, pior, aumentando o policiamento. Não deve ser má-fé. É desconhecimento mesmo da realidade. Não adiantam tais medidas se a família continua sem trabalho, parindo filhos que são jogados nas vias públicas como um lixo. A melhor assistente social ainda é o colo da mãe. Saibam, os senhores que pretendem curar a insidiosa infecção, dando somente remédio para baixar a febre, que na zona rural não existe menor abandonado. Quando um fica órfão, sempre aparece alguém, parente, comadre, conhecido, que o adota pela lei da solidariedade humana.

                Bom frisar que esse excelente resultado da reforma agrária foi durante um período de crise nacional, a inflação de até 82% (Sarney) e a da conhecida do governo atual.

                Tem mais: Sarney trocou seis ministros. Extinguiu o ministério e o próprio INCRA. Afinal, a ida dos funcionários para outro ministério, o da Agricultura, que não queria saber de reforma agrária.

                Apesar de tudo, está aí o resultado, com julgamento insuspeito. E a contribuição da Bahia.