Não vimos aqui defender um candidato, mas combater a criminosa manipulação da verdade. Começa-se a explorar o perigo de um candidato radical, tentando-se queimar a imagem de Lula, provável presidente da República. Como solução, apresenta-se uma "alternativa não radical, baseada na eficiência administrativa, na competência política e na capacidade de realização". É o maniqueísmo casado com a paranoia do comunismo. Continuam atrasados, conquanto falem tanto em modernidade.

                Quem andou de focinho baixo no rastro da ditadura militar, apoiando a tortura, as bombas no Riocentro e na OAB, os atos institucionais, o fechamento do Congresso, cassação de ministros do Supremo, juízes, deputados, senadores, prefeitos, encarcerando Lula, rasgando a Constituição, e foi nomeado governador duas vezes, ocupando sempre altos cargos, favorecendo a si e a apaniguados, à moda dos sobas das republiquetas de banana, e não se redimiu até hoje, é radical de direita? O jaquetão que serviu ao golpe de 64 sempre foi pior que a túnica.

                Quem é mais radical, Lula, cujos seguidores já governaram cidades como São Paulo, Porto Alegre, Santos, Belo Horizonte e, se não fizeram administrações retumbantes, mantiveram-se sérios e dentro dos princípios verdadeiramente democráticos, sem nenhum excesso que demonstrasse radicalismo: ou quem, no seu Estado, controla o Legislativo, o Judiciário, persegue, não fornece a senha capaz de dar transparência às contas do Estado aos deputados, e cria todos os embaraços para não depor em inquéritos perante a Polícia Federal e a CPI da NEC, até hoje cobertos de nebulosos mistérios? E qual dos dois, em pesquisa nacional, está entre os 10 mais corruptos do Brasil?

                 Como falar em capacidade administrativa se mandou no Estado durante quase 30 anos e deixa-o como um dos mais famintos, tuberculosos, desabrigados, o que menos conclui a 5ª série primária? E quando é nomeado um ministro que remete verbas para a Bahia, tentando recuperá-la, cria toda uma teia de intrigas em prejuízo do povo?

                 Tem, sim, "competência política". Para tramar, perseguir provar que é eficiente através da propaganda repetitiva e paga aos seus muitos órgãos de comunicação.

                 Há coisa mais radical de direita que a corrupção, o enriquecimento ilícito e o favoritismo?

                 A elite, que sempre usufruiu do poder e ganha com a inflação, o endividamento externo e interno, a corrupção das grandes negociatas com o governo, e que seguiu e defendeu Collor até o sepulcro, há de querer um presidente do grupo, negociável, que defenda seus interesses, como foi até aqui. É radical de direita. Jamais aceitará um candidato que possa mostrar a palma da mão, com seus traços de origem operária, marca do trabalho, conhecimento da realidade brasileira, pois que isto é ser radical de esquerda.