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Neto lamenta agressividade do governador

Euclides Neto

A TARDE - Salvador - BA - 1998

 

Temos elogiado e ainda acredito no governador Paulo Souto. Notadamente pela sua atenção às caatingas, que tão bem conhece.

Já até senti dó pela vigilância que o fantasma do Outro lhe tem atrapalhado os passos, acorrentando-o.

Há pouco teci loas pelos reparos na estrada Jequié-Contendas, que a demagogia lambuzou de asfalto durante a eleição passada. Aposto que a escola Angelita Moreno, em Salvador, além de outras, que já afundam, apesar de ter sido levantada há cerca de um ano, também será reconstruída.

Faz pena que o sertanejo esteja absorvendo a agressividade e a intolerância do fantasma.

Agora, usar um crédito vindo do governo federal, alardeado há tempos, e agora chegado em conta-gotas, para fazer política, é demais. E pior: aproveitar-se do glorioso Banco do Brasil, exemplo de sobriedade e honradez. Pior ainda: anunciaram a chegada do dinheiro, quando trouxeram o ministro, em 1994. Deus sabe a que custo na mídia, e deixaram no Banco do Brasil – o incorruptível – sob a justa pressão dos lavradores, que ouviram o canto da sereia. Malvadeza é aproveitar-se da situação de extrema penúria dos fazendeiros e trabalhadores para alegar favores, ciscando votos.

Apesar de tudo, acredito na têmpera de sertanejo de Sua Excelência de um dia se livrar do jugo, como fez João Carneiro.

Quanto ao mais, é só comparar os qualificativos usados para quem governou a Bahia três vezes (nomeado pela ditadura duas) e os que acompanham o nome de Waldir Pires. Tenho a honra de haver pertencido ao Governo da Mudança, exemplo de honradez e liberdade (para quem valoriza), além das obras materiais.

Para concluir: prefiro a senilidade independente à precoce e servil.

*Data a conferir

 

ilustração: Adrianne Gallinari
Euclides Neto
Euclides Neto: Escritor, advogado e político da região de Ilhéus (1925-2000).