Meu prezado Jorge Medauar
Euclides Neto para Jorge Medauar
Ipiaú - Ba - 1984
O abraço
Caiu-me, agora, exatamente no dia da primavera, vindo do Waly – O Santo Revoltado – o teu soneto “O Neto”.
Sempre achei que as sílabas contam na musicalidade dos versos. Que as palavras marcam a cadência das estrofes como os pistolões e chuvinhas do São João de Água Preta (da tua infância) marcam a noite da fogueira, enfeitando as rimas. Tudo bem. Mas poesia tem que ser lágrima vinda à luminosidade dos olhos em momento de muita emotividade e revelação. Lágrimas como notas musicais, brotando e rolando no rosto do avô, dando pausas nas valetas do tempo. Rolei um poema de lágrimas. Eu que sou um besta de emotividade.
Teu soneto já nos pertence. A todos nós que temos netos.
Não te conheço pessoalmente, mas muito sei de ti pelas perenes pretas águas (puríssimas águas...) dos teus livros.
Muito obrigado por dizer-nos – a todos nós – que sobreviveremos ao sorriso do neto. Dos meus netos. Dos nossos netos.
Esta vai, também, meio temporã, agradecendo a carta (de há muito!) que a mim fizeste – excessivamente generosa – quando lançamento de “Os Genros”.
Agora, mando o 64 etc., vã tentativa de prestar magro depoimento caipira que, se nada acrescentar ao Progresso e Ordem serve para demonstrar que o interior está presente com o seu pingo d’água: é que prevíamos, há mais de ano, quando da escrituração do dito cujo referido 64, a presença das malufetas na Fábula do Presidenciável Salém (ou Salem).
A impressão foi à revelia do autor que, sendo primário na arte da escrita, não seria tão porco ao ponto de deixar tantos piolhos, lêndeas e carrapatos na revisão.
Outro abraço, minha constante amizade.