Encontro-me frente aos originais do Dicionareco, do escritor Euclides Neto, cuja edição está sendo proposta pelo autor, usando os meios de que a Universidade Estadual de Santa Cruz possa dispor.

A respeito do autor e de sua nova obra, já informou, com isenção e superioridade, Margarida Cordeiro Fahel, emérita professora de literatura, cujo parecer já é do conhecimento de todos os membros deste conselho.

Euclides Neto já publicou sequência de livros, notadamente romances, dentre os quais: Machombongo, Birimbau, O patrão, Os genros, Comercinho do Poço Fundo e, recentemente, A enxada, quase todos contendo a visão da experiência vivida pelo autor, que é desta região cacaueira.

Euclides é um regionalista do nível dos melhores que se tem na Bahia, tais como Afrânio Peixoto, de Maria Bonita e Fruta do mato; Adonias Filho, de Memórias da Lázaro e Corpo vivo; de Jorge Amado, de Terras do sem-fim e Gabriela, cravo e canela.

O regionalismo, para quem vive e trabalha com as letras, beletrista ou iniciante, oportuniza a revisão de fatos, coisas e conceitos. E quando o leitor de obras de regionalismo tem um guia – romance, conto ou novela – cuidadoso, a recordação passa a ser motivo de superior alegria.

Com o Dicionareco, Euclides Neto mostra ser um exímio joalheiro, arrebatando da boca do povo verbetes e expressões. Por se encontrarem na boca do povo – letrados uns, analfabetos outros, falantes todos – vem a denominação Dicionareco, que é a forma de a populaça conceber o glossário.

No recolher verbetes e expressões populares, Euclides Neto usa bastante cuidado, não querendo inovar, muito menos repetir o que consagrados dicionaristas já recolheram. Daí o elevado valor de sua obra, que passará a ser, com a publicação, indispensável a todos nós, sobretudo a tantos que, na uesc, lançam suas vistas para o campo das letras e das artes.

Ratificando, pois, o que foi dito por Margarida Fahel, nada mais me restará senão dar os parabéns ao autor deste bisbilhoteiro e proveitoso Dicionareco.